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O mundo está em meio a uma transição demográfica irreversível. O envelhecimento da população está acontecendo em quase todos os países e o resultado é que brevemente haverá mais idosos de 60 anos que crianças no planeta. No Brasil, os últimos dados do IBGE indicam que a expectativa de vida ao nascer atingiu 74,9 anos, um incremento de 3,8 anos em apenas uma década.

 

 

A transição que vivemos vai além disso: nos anos mais recentes, a mudança mais contundente que temos observado é o aumento da quantidade dos conhecidos por super-idosos ou quarta idade, pessoas que vivem além dos 80 anos (e diversas vezes continuam vivendo por muito além!). Segundo dados recentes da ONU, o número de pessoas com mais de 80 anos irá quadruplicar nos próximos 35 anos, chegando a 400 milhões em 2050. O gráfico abaixo ilustra a ampliação que se projeta para cada segmento da população:

 Fonte: Nações Unidas, World Population Prospects: The 2010 Revision. Disponível em http://esa.un.org/unpd/wpp

 

Essa é certamente uma situação que carrega aspectos positivos para mim, para você e para todos que nos rodeiam. Afinal, quem não gostaria de ter mais chances de aproveitar a vida por mais tempo?

Mas os anos a mais de vida vêm carregados de inúmeros desafios, o que provoca modificações em toda a estrutura da sociedade. No olho do furacão dessas mudanças está a previdência complementar, que precisa se reinventar para continuar cumprindo com seu maior objetivo: o de suplementar a renda das pessoas na aposentadoria, em nível suficiente que permita a manutenção da qualidade de vida.

Quando os primeiros fundos de pensão surgiram, o mundo era outro. O trabalhador que lograva se aposentar normalmente estava cansado, muitas vezes enfermo, e tinha pouca saúde e poucos anos de vida pela frente. Nada de planos para o futuro. A capacidade de consumo era limitada, de forma que o idoso necessitava apenas do básico para viver. E a medicina tinha pouco conhecimento a respeito das doenças da terceira idade, sem dispor ainda de tratamentos e remédios adequados.

Hoje, felizmente, o paradigma mudou. Idoso é aquele com mais de 60 anos, segundo o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03. Mas, velho? Nem pensar! Somos diuturnamente surpreendidos por “idosos” mais ativos, saudáveis e com mais planos para o futuro do que muitos jovens. Eu já nem brigo mais com as pessoas que aparentam cinquenta e poucos anos e estacionam em vaga de idoso, pois as chances de elas serem realmente idosas, legalmente falando, é altíssima! Na aparência, nos hábitos de consumo, na saúde e na perspectiva de futuro: os idosos de hoje não são mais aqueles que conhecíamos há poucas décadas. Já se discute, inclusive, a alteração do mencionado Estatuto para contemplar tratamento especial no sistema de saúde e judiciário à quarta idade.

 

Veja este gráfico:

Fonte: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2474859/Life-expectancy-gap-men-women-narrows-years.html

 

Ele mostra dados da OMS – Organização Mundial de Saúde com projeções de expectativa de sobrevida para pessoas com 65 anos. Há 30 anos, início dos anos 80, poucos anos após nosso sistema de Previdência Complementar ser oficialmente regulamentado pela Lei 6.435/77, os homens – a linha azul – viveriam uns 13 ou 14 anos, até os 78/79 anos, e mulheres – a linha rosa – teriam um pouco mais de tempo e viveriam por mais 17 anos, até cerca de 82 anos.  Em 2010, já se esperava que homens viveriam 18 anos e mulheres, 21 anos. Os maiores ganhos foram para os homens, que nessas três décadas ampliaram em quase 40% sua expectativa de sobrevida.

Ter uma aposentadoria 30% ou 40% mais longa do que teríamos há 30 anos. E, igualmente, com mais saúde e planos para o futuro. É o chamado bônus de longevidade. Mas ele vem acompanhado de custos crescentes, na mesma proporção. Plano de saúde, tratamentos e remédios. Viagens, lazer, aproveitar a vida. Cuidar – financeiramente, inclusive – da família.

Os desafios, como já disse, são enormes, e é impossível não pensar: de onde virá o dinheiro necessário para usufruir, com qualidade, desse bônus?

A chave para essa resposta pode estar na previdência complementar. E não depende apenas do indivíduo poupar o suficiente, não. É preciso haver um plano que consiga gerir, adequadamente, os riscos e oportunidades advindos dos ganhos de longevidade.

Como os fundos de pensão, empresas e participantes devem lidar com isto? A GAMA Consultores Associados aponta alguns caminhos, sem a pretensão de esgotar a lista de possibilidades:

o   As pessoas precisam entender a mudança e reconhecer que poupar é necessário para o futuro delas mesmas. Mais ainda, não basta apenas “guardar um dinheirinho todo mês”, pois o montante poupado e o(s) veículo(s) escolhido(s) para tal devem ser cuidadosamente pensados e revistos;

o   As empresas possuem uma capacidade enorme de ajudar as pessoas nessa caminhada, muitas vezes sem incorrer em altos custos (há abatimentos tributários) e riscos (há modelagens e produtos) para tal, e usufruindo das vantagens de atração e retenção de melhores talentos que um bom programa de benefícios oferece;

o   As administradoras de planos de previdência, sejam elas abertas (EAPC) ou fechadas (EFPC), devem dispor de produtos mais bem adequados à nova realidade. Para tanto, é essencial conhecer e, de acordo com o caso, aplicar as modelagens inovadoras de planos, que cada vez mais são realidade em outros países e já começam a aterrissar por aqui, bem como trabalhar em conjunto com mecanismos financeiros e de seguros, que permitem maior proteção a determinados riscos;

o   Por último, mas não menos importante, o Estado precisa criar o ambiente e os estímulos corretos para que cada ator cumpra seu papel. A exemplo de outros países, deve-se estudar o contexto de forma abrangente e criar um planejamento de ações integradas que respondam às mudanças que estamos vivenciando e que iremos vivenciar.

É certo que, diante dos desafios, a previdência complementar não deve perder sua finalidade previdencial para a qual foi constituída. O atual paradigma pode representar uma grande oportunidade para que os fundos de pensão se tornem imprescindíveis para todo trabalhador que deseja viver com qualidade a tão sonhada aposentadoria.

 

FONTE: GAMA Consultores Associados / http://gama-ca.com.br/