Os fundos de pensão brasileiros são apoiadores há quase uma década do “Carbon Disclosure Project” (CDP) e, há um pouco menos tempo do que isso, também de uma iniciativa das Nações Unidas chamada de “Princípios para o Investimento Responsável”, mostrando com isso um sistema de previdência complementar profundamente preocupado em associar a sua atividade investidora à busca da preservação do meio ambiente. Mas, claro, ser sustentável é muito mais do que isso e, por conta dessa percepção, a Abrapp e suas associadas lançaram três edições do “Relatório Social”, nos anos de 2007, 2008 e 2010. Pois ontem (13), no Rio de Janeiro, essa caminhada registrou mais um extraordinário passo, com o lançamento de uma nova publicação com uma nova metodologia e muito mais informação.

 

É o “Relatório de Sustentabilidade dos Fundos de Pensão”, novo nome do antigo relatório publicado na década passada, e seu lançamento não poderia ter merecido melhor palco, a quinta edição do seminárioA Sustentabilidade e o Papel dos Fundos de Pensão no Brasil, que reuniu na capital fluminense quase centena e meia de pessoas e contou com o patrocínio da Bradesco Asset Management – BRAM.

 

Em seu novo formato, o relatório adota a metodologia conhecida no mundo como  GRI (Global Reporting Initiative), tida como mais abrangente e facilitadora de uma maior padronização. E toma como inspiração o “Guia ABRAPP para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade para as EFPCs”, lançado em 2012  e que tem como uma de suas maiores virtudes facilitar comparações entre a gestão sustentável adotada por uma entidade frente às demais.

O seminário dessa quarta-feira (13) foi aberto pelo Presidente José Ribeiro Pena Neto, que “ressaltou o apoio integral da Abrapp aos esforços das entidades para investirem com responsabilidade social e ambiental”. Algo que a seu ver terá sempre  maior chance de sucesso se tal empenho assumir um caráter coletivo. A vida associativa pode contribuir e muito para produzir avanços nesse sentido.

Ao seu lado na mesa que abriu os trabalhos, Guilherme Velloso, Diretor da Abrapp, notou que a tendência de as entidades investirem cada vez mais em ativos de risco, em face da queda dos juros em futuro não distante, coloca sob os seus ombros a responsabilidade de mostrarem-se cada vez mais responsáveis em termos sociais, ambientais e de governança.

“É verdade que as entidades menores encontram maiores dificuldades nesse particular, mas seus dirigentes estão  compreendendo que ao investir em projetos e empresas responsáveis estão reduzindo os seus riscos de problemas futuros, inclusive no que concerne à rentabilidade”, resumiu Guilherme.

É que só faz crescer  cada vez mais a percepção, originaria inclusive de estudos internacionais, mostrando que investimentos em ativos social e ambientalmente responsáveis produzem um retorno acima do oferecido pelas alocações que não são nem uma coisa nem outra.

Informações do novo relatório - O “Relatório de Sustentabilidade” revela que a estrutura de governança mais comum é o Comitê de Investimentos, presente em 78,26% das entidades, sendo a  segunda mais encontrada o Comitê de Risco Financeiro,  existente em 26,09% delas.

A outra boa notícia que o novo relatório traz é que a grande  maioria das entidades (87%) possui Código de Ética ou de Conduta.

Quanto ao relacionamento com participantes e assistidos, o dado relatado é que 51,11% das entidades que responderam à pesquisa afirmam desenvolver ações destinadas a melhorar o atendimento de pessoas com necessidades especiais.

Chama a atenção também no novo relatório a informação de que 50% dos fundos de pensão possuem canais (ouvidoria, ombudsman e  caixas de e-mail específicas) dedicados especialmente ao recebimento de denúncias por parte de pessoas que tenham sido vitimas ou hajam presenciado situações que revelem discriminação. Além disso, 12% das entidades têm planos formalmente estabelecidos para reparar pessoas vitimadas.

E 38% das entidades dizem possuir comitês formais de saúde e segurança no trabalho, visando programas de saúde ocupacional. 

No capítulo do  consumo consciente, 47,87% das entidades afirmam utilizar papel reciclado ou com certificação florestal. Ao lado disso, no que diz respeito ao consumo de energia, 54% das respondentes afirmaram ter adotado sistemas de iluminação mais eficientes. Outros 34% informaram a adoção de sistemas de ar-condicionado com maior eficiência e um universo de 46% afirma ter adotado a utilização de instrumentos de trabalho como computadores, impressoras e periféricos mais eficientes.

Leia o Relatório de Sustentabilidade dos Fundos de Pensão de 2014 aqui.

 

Fonte: Diário dos Fundos de Pensão / Gama - Consultores Associados